[00:13.92] |
Olha a Laurinha lá vai toda destemida |
[00:16.98] |
Diz que é crescida e que prescinde dos conselhos do pai |
[00:21.04] |
Olha ela, lá vai toda decidida |
[00:23.95] |
Dona da vida nem duvida que é por ali que vai |
[00:27.86] |
Olha a Laurinha à cabeça da charanga |
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Das raparigas do recreio do liceu onde ela anda |
[00:35.06] |
E manda na dinâmica da escola |
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Não vai à bola com a setôra de História |
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E não disfarça e faz a vida negra à criatura |
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É a ditadura de quem manda só porque sim |
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Olha a Laurinha que já fuma às escondidas do pai |
[00:52.38] |
Com a mesada de alguém |
[00:55.00] |
Ainda namora às escondidas da mãe |
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Enquanto diz que não tem medo |
[01:00.26] |
De nada nem ninguém |
[01:03.82] |
Vai, dança até ser dia |
[01:10.13] |
Que a vida são dois dias |
[01:13.78] |
E tu vais ser alguém |
[01:16.99] |
Olha a tua mãe |
[01:20.29] |
Com um olho na novela |
[01:24.23] |
E o outro na panela |
[01:27.58] |
Um dia vais ser tão Dona Laura como ela |
[01:36.12] |
Olha a Laurinha toda cheia de cidade |
[01:36.58] |
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[01:52.51] |
Sem ter idade para sequer votar na junta daqui |
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Sempre que a chamam ao quadro desatina e nada diz |
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Mas bem que opina sobre o estado a que chegou o país |
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Olha a Laurinha lá vai cheia de prestígio |
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Nenhum vestígio da miúda outrora santa e singela |
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E a mãe dela fica a vê-la da janela |
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Ainda se lembra bem do tempo em que a Laurinha era ela |
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A fumar às escondidas do pai com o dinheiro que alguém |
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Subtraiu da carteira da mãe |
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Enquanto diz ao mundo que ainda há-de vê-la ser alguém |
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Vai, canta até ser dia |
[02:38.99] |
Que um dia há-de ser dia |
[02:42.65] |
E tu vais ser alguém |
[02:45.60] |
Que é tal e qual a mãe |
[02:49.21] |
Um olho na novela |
[02:52.73] |
O outro na janela |
[02:56.33] |
Um dia vais ser tão Dona Laura como ela |
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Aproveita agora |
[03:08.34] |
Que há-de chegar a hora |
[03:12.31] |
Que não poupa ninguém |
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Vais ser igual à tua mãe |
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A filha pela trela |
[03:22.27] |
Repete-se a novela |
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Um dia vais ser mais Dona Laura do que ela |
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