[00:12.68] |
A criminalidade toma conta da cidade |
[00:15.02] |
A sociedade põe a culpa nas autoridades |
[00:17.26] |
Um cacique oficial viajou pro Pantanal |
[00:20.16] |
Porque aqui a violência tá demais |
[00:22.35] |
E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental |
[00:25.58] |
E fumava um cachimbo da paz |
[00:27.70] |
O presidente deu um tapa no cachimbo |
[00:29.50] |
E na hora de voltar pra capital, ficou com preguiça |
[00:32.40] |
Trocou seu paletó pelo fio dental |
[00:34.72] |
E nomeou o velho índio pra ministro da justiça |
[00:37.48] |
E o novo ministro, chegando na cidade |
[00:39.93] |
Achou aquela tribo violenta demais |
[00:42.30] |
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades |
[00:44.71] |
E chamou a TV e os jornais |
[00:46.87] |
E disse: "Índio chegou trazendo novidade |
[00:49.72] |
Índio trouxe o cachimbo da paz" |
[00:52.70] |
Maresia, sente a maresia |
[00:57.58] |
Maresia, uh |
[01:02.32] |
Maresia, sente a maresia |
[01:07.21] |
Maresia, uh |
[01:11.42] |
Apaga a fumaça do revólver, da pistola |
[01:13.87] |
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola |
[01:16.26] |
Acende, puxa, prende, passa |
[01:18.79] |
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça |
[01:20.88] |
Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta |
[01:23.60] |
Dizem que é do bom, dizem que não presta |
[01:26.04] |
Querem proibir, querem liberar |
[01:28.39] |
E a polêmica chegou até o congresso |
[01:30.76] |
Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência |
[01:33.24] |
Porque não é Hollywood, mas é o sucesso |
[01:35.62] |
O cachimbo da paz deixou o povo mais tranquilo |
[01:37.83] |
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos |
[01:40.33] |
E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva |
[01:43.19] |
E prometeu voltar com uma tonelada |
[01:45.21] |
Só que quando ele voltou, "sujou" |
[01:47.54] |
A polícia federal preparou uma cilada |
[01:49.99] |
"O cachimbo da paz foi proibido |
[01:52.36] |
Entra na caçamba, vagabundo, vamo pra DP |
[01:55.13] |
Êêê, índio tá fodido porque lá o pau vai comer" |
[02:00.58] |
Maresia, sente a maresia |
[02:05.41] |
Maresia, uh |
[02:10.27] |
Maresia, sente a maresia |
[02:15.11] |
Maresia, uh |
[02:19.28] |
Apaga a fumaça do revólver, da pistola |
[02:21.76] |
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola |
[02:24.14] |
Acende, puxa, prende, passa |
[02:26.68] |
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça |
[02:28.87] |
Na delegacia só tinha viciado e delinquente |
[02:31.17] |
Cada um com um vício e um caso diferente |
[02:33.41] |
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar |
[02:35.90] |
Porque ele não vendia pinga fiado |
[02:38.35] |
E um senhor bebeu uísque demais |
[02:40.49] |
Acordou com um travesti e assassinou o coitado |
[02:43.28] |
Um viciado no jogo apostou a mulher |
[02:45.97] |
Perdeu a aposta e ela foi sequestrada |
[02:48.29] |
Era tanta ocorrência, tanta violência |
[02:50.68] |
Que o índio não tava entendendo nada |
[02:52.69] |
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento |
[02:55.40] |
E acendeu um da paz pra relaxar |
[02:57.82] |
Mas quando foi dar um tapinha |
[02:59.25] |
Levou um tapão violento e um chute naquele lugar |
[03:02.69] |
Foi mandado pro presídio e no caminho |
[03:04.90] |
Assistiu um acidente provocado por excesso de cerveja |
[03:07.29] |
Uma jovem que bebeu demais |
[03:09.39] |
Atropelou um padre e os noivos na porta da igreja |
[03:12.18] |
E pro índio nada mais faz sentido |
[03:14.77] |
Com tantas drogas por que só o seu cachimbo é proibido? |
[03:18.20] |
Maresia, sente a maresia |
[03:23.05] |
Maresia, uh |
[03:27.90] |
Maresia, sente a maresia |
[03:32.72] |
Maresia, uh |
[03:36.95] |
Apaga a fumaça do revólver, da pistola |
[03:39.34] |
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola |
[03:41.78] |
Acende, puxa, prende, passa |
[03:44.25] |
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça |
[03:46.21] |
Na penitenciária o índio fora da lei |
[03:48.87] |
Conheceu os criminosos de verdade |
[03:51.17] |
Entrando, saindo e voltando |
[03:53.19] |
Cada vez mais perigosos pra sociedade |
[03:55.53] |
"Aí, cumpádi, tá rolando um sorteio na prisão pra reduzir a superlotação" |
[04:00.90] |
Todo mês alguns presos tem que ser executados |
[04:03.34] |
E o índio, dessa vez, foi um dos sorteados |
[04:05.85] |
E tentou acalmar os outros presos |
[04:08.08] |
"Peraí, vamo fumar um cachimbinho da paz" |
[04:10.77] |
Eles começaram a rir e espancaram o velho índio |
[04:13.64] |
Até não poder mais e antes de morrer ele pensou |
[04:17.57] |
"Essa tribo é atrasada demais |
[04:20.14] |
Eles querem acabar com a violência |
[04:22.32] |
Mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz" |
[04:25.12] |
E o cachimbo do índio continua proibido |
[04:27.62] |
Mas se você quer comprar é mais fácil que pão |
[04:29.98] |
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos |
[04:32.41] |
Que mataram o velho índio na prisão |
[04:35.80] |
Maresia, sente a maresia |
[04:41.32] |
Maresia, uh |
[04:45.48] |
Maresia, sente a maresia |
[04:50.30] |
Maresia, uh |
[04:54.52] |
Apaga a fumaça do revólver, da pistola |
[04:57.00] |
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola |
[04:59.40] |
Acende, puxa, prende, passa |
[05:02.04] |
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça |
[05:11.84] |
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